Faleceu Carlos Neto, fadista. Foi meu amigo, a nossa amizade ficará para sempre no meu coração.
Foi uma boa pessoa, sempre bem humorado, sempre com uma palavra de conforto para os amigos, ajudou muita gente, não merecia morrer com tanto sofrimento e muito menos morrer já.
Esta foto tem uns anos, mas é assim que eu me quero recordar dele, de sorriso franco e sempre com uma laracha "porque a vida são dois dias e o Carnaval são trêz" (como ele dizia).Tinha uma teoria sobre o passado, o presente e o futuro que me fazia rir às lágrimas, afinal tinha razão !
Partilháva-mos o mesmo Amor pelo Fado e pelo nosso bairro de Lisboa (Campolide), andámos na mesma escola (ele antes de mim). O Carlos considerava que eu era do lado "chique" do nosso bairro e que ele era da plebe ... eu tratava-o de "traidor à plebe" quando nas nossas jantaradas (e almoçaradas) abundava o marisco e o excelente vinho branco (a tremer com frio) ... em troca ele chamava-me "camarada-fascista".
Foram tantas viagens a caminho dos palcos, foram tantas anedotas, tantas gargalhadas ... os músicos a ressonar na volta e eu e o Carlos a recordar velhas cantigas, até velhos anúncios da telefonia ("O senhor está constipado / E ficou mal de repente / Porque não teve cuidado / Porque foi imprevidente ...") ... Foi muita amizade, foi muita cumplicidade e agora muita saudade !
Descansa em paz, artista leal e crente ... Até já meu amigo !
Lisboa, 24-02-1949 - Lisboa, 28-11-2017
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